quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Faute de mieux






Como a mariposa, todo fotógrafo tenta uma união impossível com a luz. No amador, porém, a imperícia e a limitação técnica denunciam cruamente que ele está sujeito a todos os imprevistos e não pode senão recolher algumas migalhas felizes do acaso através das lentes de sua máquina barata. 

Neste desejo de fazer da contingência virtude, nós amadores não estamos sozinhos. Fazem-nos companhia muitos filósofos e muitos herdeiros do Romantismo alemão: todos os que percebem, no ser humano, a irônica desproporção entre a vontade infinita e a infinita penúria de meios; todos aqueles que, para não cair na lamúria nem na derrisão, aprenderam o amor fati.


Meu amigo Léo Mesquita escreveu um belo poema a respeito disso:

Onipotência

Se Deus jogar um dado
O resultado 
É destino
Sorte
Ou a sua vontade?
Eu tirei um cinco.


Enquanto O Sobrinho de Enesidemo não volta à sua rotina, vão aí mais uns lances de dados do amador bem-intencionado que ora vos fala.
































































































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