domingo, 31 de março de 2019

Fotojornal: os últimos acontecimentos






O jantar na Embaixada do Brasil em Washington






Os olavistas 







O segredo de Araújo






A situação do MEC








A relação entre o Executivo e o Legislativo










As propostas da esquerda até agora









Patriotas! 

O Brasil nunca foi uma ditadura.

(Houve apenas democracias um tanto enérgicas)












Obras de Gottfried Helnwein, Franz Sedlacek, Wolinski, Joseph Beuys e alguns achados casuais do Sobrinho de Enesidemo.









quinta-feira, 14 de março de 2019

Luto










Um dia depois da chacina na escola de Suzano.



Dois meses depois do rompimento da barragem de Brumadinho.



Um ano depois do assassinato ainda não resolvido de Marielle Franco e Anderson Gomes.











quinta-feira, 7 de março de 2019

Dos livros (parte II)








Dos livros (parte II)



Primeira questão: “Você já os leu todos?”

Inúmeras vezes alguém que passeava os olhos pelos títulos e lombadas da minha biblioteca me fez essa pergunta. Um certo invejoso despeitado, querendo ser original, advertiu-me que possuir tantos livros equivaleria a fugir da obrigação de lê-los. Nem sempre a verdade está com os invejosos despeitados. Acredito que, quando se tem uma biblioteca, os livros ainda não lidos clamam contra a nossa negligência. Eles nos exortam a vencer a selva de papel e palavras. Eruditos, ratos de sebo, quixotes e leitores míopes temos todos nós epopeias secretas. Conhecemos os riscos das estantes abarrotadas, travamos batalhas épicas nos in-folio alcantilados e disputamos escaramuças rápidas nas brochuras sem relevo. Do picaresco ao heroico, em Garamond, Bodoni ou Helvética, nada nos é estranho na galáxia de Gutenberg. Nenhum tigre de papel nos põe medo. A beleza das extensas fileiras de livros que ainda não conhecemos é a promessa de que o prazer da descoberta, que vivíamos tão intensamente quanto os amores adolescentes, será mantido mesmo quando já avançarmos muito nos anos.

Segunda questão: “Qual o seu livro preferido?”

Essa pergunta vem de gente feliz, que associa a leitura apenas ao prazer e não àquilo que ela é amiúde: um suplício de Tântalo muito familiar aos naturalistas que se põem a catalogar a infinita natureza. Para a gente feliz que faz listas de "livros preferidos", explico que os livros são incomensuráveis porque inseparáveis das circunstâncias de leitura. Uma obra lida de uma sentada, movida pelo prazer e pela curiosidade, não pode ser medida pela régua das obras lida de maneira reflexiva e lenta, às vezes, ao longo de quase toda uma vida, ou de obras estudadas de maneira técnica e com anotações, ou das que se prestam apenas a consultas breves. Há os livros de cabeceira e os que viajam na mochila, há livros de mesa e os há de escrivaninha, de rede e de banheiro.

No sentimento que temos por um livro, os meios de aquisição não são indiferentes, seja o furto, o empréstimo nunca devolvido, a compra impulsiva, a aquisição longamente acalentada ou o achado surpreendente. Há livros que entraram em minha casa menos pela importância intrínseca da obra do que pela alegria de conhecer certa livraria em certa cidade.

Enfim, importa a hora e o momento em que lemos. Há livros solares, que nos acordam da modorra dogmática. Outros exigem a solidão da madrugada. Há obras para se ler na juventude, como O Apanhador no Campo de Centeio, que me dói ter lido tão tarde, trintão e professor; outras, pelo contrário, li antes do tempo, sem poder entendê-las.  Verdes que fossem ou serôdias, dessas leituras saí triste ou perplexo, mas nunca de mãos abanando. 



PS - Houve um ruído excessivo, à direita e à esquerda, em torno do vídeo tuitado por Bolsonaro. Por que essa surpresa e consternação? O capo é fiel a si mesmo na forma, no conteúdo e nos meios. Na falta de outras virtudes, elogiemos ao menos a sua coerência e obstinação no picadeiro.