Percy Shelley, Ozymandias
O
Sobrinho de Enesidemo que, desde 2013, vem acompanhando as vicissitudes da
leitura do Manifesto Comunista, vai dedicar-se à Revolução
Russa: o trauma original que não cessa de ser exorcizado como perigo, brandido
como ameaça e desprezado como fiasco e traição. É nessa carne inflamada e
dolorida que vamos tocar agora. São as chagas de um tempo que ainda é o nosso,
por mais forte que seja o atual esforço de restaurar o Ancien Régime. Et
pour cause, murmura o demônio dialético, pois os anões, que outrora ficavam
de pé nos ombros dos gigantes, gostosamente assentam as nádegas sobre os
derribados colossos de Lenin e, dessas mesmas ruínas, extraem sua prerrogativa
de proclamar diktats e catecismos tão elementares quanto os
piores “ABC do Comunismo” e não mais verificáveis que as influências sutis dos
planetas. Parece que Clio, sempre esquiva, gosta de desviá-los da lição de
Ozymandias, da qual o Sobrinho de Enesidemo jamais se esquece.
Discretos
leitores, bem-vindos ao Centenário da Revolução Russa.
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