Cenas da Revolução de 17
cena VII
Kerenski à frente da nova coalizão
"Com a renúncia dos ministros
kadets e do Príncipe Lvov, Kerensky se tornou, no dia 7 de julho,
Primeiro-Ministro do governo socialista remanescente, que prosseguiu
cambaleante até o dia 21 de julho. Aqueles que apoiavam Kerenski entre os SR
[partido socialista revolucionário], tentaram deter a maré montante de
pacifismo e de radicalização agrária entre os SRs criando uma facção coesa em
torno do jornal Volya Naroda (Vontade do Povo). Os esforços de Kerensky para
resolve a “Crise de Julho” no governo eram contrariados pelos ultimatos feitos pelos
Kadets, pelo novo Comitê-Central dos Sovietes de toda a Rússia e pelos SRs. A
crise foi causada pelas exigências do General Kornilov ao ser promovido ao
Comando Supremo do Exército no dia 18 de julho. No dia 21, Kerensky renunciou e
se retirou por vários dias. Na sua ausência, uma conferência dos líderes
burgueses e dos Sovietes aconteceu no Palácio de Inverno. O resultado foi a
Segunda Coalizão, cujos membros deveriam prestar contas apenas ao gabinete [e
não mais aos Sovietes]. O novo governo, liderado por Kerenski, esperava angaria
ganhar apoio público na Conferência de Estado que deveria se reunir em Moscou
em Agosto.
A segunda coalizão durou de 25 de julho
até 27 de agosto. Suas realizações positivas foram obscurecidas pela disputa
quase pública entre o Primeiro Ministro e o Comandante Supremo, que passou para
a história como o “Caso Kornilov”. As exigências de Kornilov de agir sem
interferência do governo, de restaurar a pena de morte no exército, de
militarizar as fábricas e estradas de ferro e de criar um governo ditatorial
circulavam, a princípio, apenas em pequenos círculos, mas os rumores de tensão
persistiam. A Conferência de Estado em Moscou (12 a 15 de agosto) reuniu
burgueses e socialistas, mas não conseguiu superar a dissensão entre eles. O
próprio Kerenski encerrou a segunda coalizão em 27 de agosto ao exigir a
renúncia de todos os ministros para assim poder afastar Kornilov, a quem ele
acusava de motim. Kerensky era agora legalmente ditador".
(The
Blackwell Encyclopedia the Russia Revolution, “1917 and after Political
Developments, Provisional Government”, Blackwell, Oxford, 1988, pp.
126-127)
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