domingo, 4 de novembro de 2012

Existe um Partido da Imprensa Golpista?




Carta a Renato Alencar Dotta




Renato,


Uma semana antes do segundo turno das eleições municipais, você me telefonou e, lá pelos trinta minutos de conversa, me perguntou se eu acreditava na existência do PIG (Partido da Imprensa Golpista). Eu respondi que não, mas não dei nenhum argumento substancial para minha descrença. Para me redimir da maneira leviana como descartei essa questão, quero desmembrá-la em outras questões, talvez mais fáceis de responder. Trata-se do tradicionalíssimo procedimento de análise (por oposição à interpretação), que hoje costuma ser apresentado com o nome pomposo e errôneo de "desconstrução" (um empréstimo lexical equivocado, que daria um bom assunto para outra carta).


1. A Imprensa


À pergunta "qual é a função da imprensa", costuma-se dar uma resposta simples: a imprensa existe para trazer informações aos cidadãos. Respostas desse tipo, à maneira daquelas que apareciam nos antigos catecismos, são construções ideológicas muito elaboradas, na medida em que tratam de produzir uma aparência de normalidade, que dissipa as questões inquietantes sobre a coisa-em-si da vida social: os conflitos em torno do poder de alocar os recursos disponiveis. Portanto, ao invés de abordar de cara o problema da função da imprensa, talvez seja melhor começar, de maneira mais modesta, por outra pergunta: o que é uma notícia?


Todo acontecimento do mundo, na medida em que é expresso pela linguagem, se torna uma informação. Por exemplo: "chove agora"; "há um pedaço de papel na calçada", "nuvens passavam no céu ontem à tarde", "em 1492, Cristóvão Colombo acreditou ter chegado às Índias" etc. As informações podem ser verdadeiras ou falsas, precisas ou imprecisas, relevantes ou irrelevantes. Na medida em que uma informação tem relevância prática para uma determinada comunidade, levando-a a tomar decisões e fazer escolhas, essa informação se torna uma notícia. Por exemplo: "há um incêndio numa loja do centro da cidade", "a queda de uma ponte obstruiu uma estrada", "Lady Gaga fará um show em São Paulo". Diante dessas informações, certo grupos serão obrigados a decidir as ações a serem tomadas: chamar os bombeiros, evitar a região interditada ou comprar ingressos para o show. Nas sociedades modernas, toda informação relevante para a tomada de decisão de um grupo pode se tornar uma notícia desde que passe por um processo de normatização controlado pelos órgãos de imprensa, como os jornais. Os jornais conferem às informações relevantes a "forma-notícia", supostamente distinta das formas concorrentes e tradicionais do boato e da fofoca, que se caracterizam por um "diz-se que" suprapessoal e anônimo, fora de possibilidade de verificação de fontes. Tudo se passa como se aquele desejo de verdade que caracterizou a filologia a partir do Renascimento, e levou Lorenzo Valla a demonstrar a fraude da suposta doação de Constantino, fosse o modelo remoto dos ideais declarados - e dificilmente praticados - do jornalismo contemporâneo.

A "forma-noticia" só é conferida a uma informação dentro de certas estruturas que abrigam os jornalistas. Essas estruturas, que são os órgãos noticiosos, definem quais notícias devem ser veiculadas, a maneira como elas serão elaboradas do ponto de vista da linguagem e qual o seu nível de prioridade. Um órgão noticioso tem a capacidade de definir uma pauta de questões que podem levar os membros de uma comunidade a tomar certas decisões e a fazer certas escolhas práticas.

Uma pauta é sempre ditada pela interpretação que um órgão noticioso, na figura de seus proprietários e editores, dá aos interesses e demandas da coletividade que eles atendem. A definição de uma pauta é expressão de certos agenciamentos e de correlações de interesses. Não existe imprensa neutra pelo simples fato de que uma notícia não é um dado do mundo que se gera espontaneamente e que necessariamente chegará ao interessados. Entre os acontecimentos do mundo e o leitor do jornal há um sistema que seleciona e formula linguisticamente aquelas notícias que podem ter interesse para uma certa comunidade (a população de um bairro ou de uma cidade, uma classe social ou profissional).

Na medida em que as notícias apresentadas segundo certa ordem de prioridade conduzem a tomadas de decisões pelos membros de uma comunidade, o noticiário jornalístico tem sempre repercussão social e política. Quando uma emissora de rádio informa que o trânsito na via marginal do rio Tietê apresenta 10 km de congestionamento por causa de um caminhão que caiu da Ponte do Piqueri, não está apenas advertindo aos motoristas que evitem a região ou tomem as providências cabíveis (como fazer ligações telefônicas para avisar sobre um atraso provável), também está levando os ouvintes a tirar certas conclusões de natureza política.

O fato de que um caminhão tenha caído da Ponte do Piqueri pode ter sido resultado da imprudência do motorista, mas também pode ter sido consequência das regras de trânsito definidas pelas autoridades em nível municipal ou estadual, ou das condições inadequadas da ponte. A demora para remoção do caminhão pode ter sido consequencia da dificuldade técnica da operação ou do imobilismo dos órgãos públicos. Tudo isso está implícito no noticiário de trânsito mantido por emissoras de rádio como prestação de serviço à comunidade. É claro que há um serviço prestado, mas as reportagens de trânsito também podem ser direcionadas contra certas autoridades, apontadas como responsáveis pelas dificuldades dos motoristas. Mesmo as notícias sobre o tráfego urbano tem teor político.

A função dos órgãos noticiosos não é eliminar esse teor politico em proveito de uma neutralidade que, aliás, não existe em parte alguma. Uma informação somente é notícia quando é relevante para alguém, na medida em que modifica uma situação e pode levar a uma reorientação de escolhas (tanto no plano prático imediato, por exemplo: é melhor evitar a Marginal Tietê; quanto no plano político, por exemplo: é preciso fazer pressão sobre as autoridades responsáveis pelo trânsito).

Notícias, portanto, não são neutras. A neutralidade não gera necessidade de decidir e de escolher. O problema não está na falta de neutralidade, mas na parcialidade inerente à notícia. O jornalista, atuando como repórter, colhe o processo no momento em que acontece, ou imediatamente depois, quando as informações ainda são conflitantes ou incertas. Um órgão noticioso, no momento de divulgar as informações, deve eliminar o que é inverossímil ou o que parece falso à primeira vista, mas muita coisa pode passar por essa peneira grosseira. Mesmo quando verificadas por padrões exigentes, as notícias são informações incompletas e parciais. Há casos em que a diferença entre a notícia e o boato é sutil. Esse era o problema que os editores do Washington Post tiveram que enfrentar em relação às informações transmitidas pelo Deep Throat.

As notícias também são parciais de outra maneira. Os órgãos noticiosos são empresas – algumas de grande porte – que buscam maximizar seus lucros, aumentando o seu alcance e prestígio junto da comunidade de leitores, ouvintes, espectadores, usuários da internet. Ou seja, como empresas estão submetidas às injunções da concorrência e tentam sobreviver e crescer fazendo o que podem, por meio do rebaixamento de qualidade, da adesão ao sensacionalismo, dos acordos cartelistas com outras empresas de comunicação, da busca de concessões governamentais etc.

Por isso, dentro de um grande jornal, a pauta é decidida num cabo de guerra entre a voz do dono e a necessidade de sustentar a aparência de pluralismo, necessária aos padrões do jornalismo moderno de grande porte. Dificilmente as empresas noticiosas são monólitos ideológicos. Na Folha de São Paulo escrevem Eliana Cantanhêde e Janio de Freitas: dois extremos separados por um abismo na qualidade do texto e na compreensão de qual é o papel do jornalista. Cada edição diária do jornal exibe uma gama que vai do moralismo e austeridade pro forma dos editoriais às palhaçadas verbais do José Simão, com páginas e páginas de anúncios de automóveis no espaço "nobre" do primeiro caderno. A variedade é ainda maior quando consultamos o Universo Online (UOL)  portal da Folha na internet: muitas fotos de moças bonitas com uniformes de times de futebol e fofocas imperdíveis sobre a vida amorosa do casal de vampiros da série Crepúsculo

Serei franco: não me sinto prejudicado pela Folha de São Paulo, que eu leio quase todos os dias (a assinatura é feita pelo cursinho), nem pelo Estadão, que consulto duas vezes por semana no saguão do hotel - e cujas posições são bem mais transparentes do que as da Folha -, nem pela revista Veja, cujos exemplares mais antigos leio no consultório da dentista para me divertir. Colecionei até algumas capas da Veja, como aquela, engraçadíssima, que mostra um Cérbero cujas cabeças eram efígies do marxismo-leninismo-trotskismo. Palhaçada de primeira, digna da revista MAD. Faltou um Alfred E. Newman para segurar a coleira do cachorro esquerdista. Conheço gente que ficava incomodada a com os artigos do falecido Diogo Mainardi na Veja, sem entender que ele apenas cumpria a função que o José Simão e o Luis Felipe Pondé cumprem na Folha atualmente: trazer diversão e besteirol para o último caderno.


2. O Partido


Existiria uma agremiação formada pelos proprietários das empresas noticiosas? Será verdade que há um "partido" formado pela família Frias (Folha de São Paulo), pela família Marinho (Globo), pela família Mesquita (Estadão), pela família Civita (Abril Cultural)? E os Corleone, os Barzini, os Cuneo e os Tattaglia? E será que a Liga da Justiça existe também?

O Conversa Afiada, blog do Paulo Henrique Amorim jura que esse partido da imprensa existe. Mas quem é Paulo Henrique Amorim? Um jornalista que nós ainda conhecemos como comentarista da TV Globo. Será que naquela época a Globo não era golpista? Mino Carta endossa as acusações de Paulo Henrique Amorim. Mas Mino Carta não trabalhou para os Mesquita e para os Civita, na época mesma do regime dos militares golpistas? Por enquanto, deixo de lado a questão do golpismo. O que me preocupa na história toda a respeito da existência do Partido da Imprensa Golpista (PIG) é que se trata de uma polêmica promovida basicamente por jornalistas ressentidos contra certas empresas noticiosas para quem prestaram excelentes serviços, jornalistas que, muito tempo depois, resolveram colocar na boca um belo trombone midiático para fazer suas denúncias contra o serviço que certos colegas como Miriam Leitão, Cristiana Lobo, William Waack e Carlos Alberto Sardenberg ainda cumprem, movidos por oportunismo ou por convicção (trata-se de uma palavra pouco usual no vocabulário jornalístico, mas concedo que possa haver dignidade na profissão que o Super-Homem escolheu para ocultar sua condição de herói).

Reconheço que, como funcionários que fizeram o trabalho sujo por certo tempo, Mino Carta e Paulo Henrique Amorim sabem o que estão dizendo, mas não devemos lhes dar razão em tudo e de maneira precipitada. Eu não sei precisamente que relações de dependência ou de favor o blog Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, e a Carta Capital, de Mino Carta, mantém com o governo federal petista. O que eu percebo é que setores da imprensa estão em guerra para conquistar os formadores de opinião. É uma guerra política, um acerto de contas ou uma banal disputa de  mercado travestida de drama ideológico?

Os intelectuais acadêmicos não se dispõem a fazer um exame sério desse embate porque dependem das empresas noticiosas (sejam ou não parte do PIG) para manifestar suas próprias posições e fazer autopromoção. Duvido que Vladimir Safatle, tão ocupado em ocupar nichos noticiosos para divulgar o seu esquerdismo lacaniano, faça um exame incisivo e claro do que é a imprensa. Os intelectuais de vários matizes políticos precisam da imprensa como plataforma, mesmo que saibam que estão pisando em merda (aliás, saber colocar certas situações em parênteses é especialidade dos intelectuais, é a condição mesma da sua existência como intelectuais - e não me considero exceção).

Sempre me pergunto qual o tamanho real da plataforma que a grande imprensa oferece. Quem se coloca ao alcance da saliva reacionária do Reinaldo Azevedo quando ele perdigota na Veja? Quem lia o falecido Olavo de Carvalho? Além dos colegas do Instituto Millenium e dos eleitores paulistas do PSDB, quem são as belas almas que os editoriais da Folha  conseguem convencer? E quem lê de verdade a ladainha infindável do Paulo Henrique Amorim, exemplo de pobreza de imaginação e de jornalismo personalista e vingativo, tão bobo quanto os comentários políticos que ele fazia na TV Globo? Quem se convence a não ser um grupelho rançoso de adeptos do PT, acostumados a ver conspiração e golpe por toda parte, ignorantes que são do fato de que a teoria da conspiração é a filosofia da história do lumpesinato intelectual, aquele que acredita que as pirâmides foram feitas por extraterrestres, que os jesuítas eram templários, que o grupo Bilderberg e o Grande Sinédrio controlam o mundo, orientados pelo Papa Negro, por Darth Vader e por Lex Luthor... Às vezes, parece que o único partido hegemônico é o da falta de instrução. 

Pelo tom exasperado, entre raivoso e cínico que muitos jornalistas de direita e de esquerda adotam, fica a impressão de que a plataforma a partir da qual eles se pronunciam é uma camada de gelo que derrete rapidamente, cedendo lugar à massa amorfa de boatos que nutre a multidão de internautas. Paulo Henrique Amorim, ao fazer campanha contra o suposto partido da imprensa golpista, presta uma grande homenagem ao antigo Quarto Poder: ele quer nos fazer acreditar que a grande imprensa  ainda é uma força transformadora. Essa crença me parece anacrônica diante da imensidade caótica da internet. 


Enfim, não podemos esperar dos próprios jornalistas declarações públicas sinceras a respeito do poder que as empresas noticiosas exercem de fato, porém, se há sinais de que as grande famílias mafiosas se uniram numa coalizão é porque elas estão acuadas de algum modo. Isso vale um trabalho investigativo sério e não o mero bate-boca entre blogueiros.



3. O golpismo


- Será que a imprensa quer tomar o lugar da oposição esfacelada contra o petismo ou contra o lulismo?

- É bem possível.

- Isso é uma novidade?

- Parece-me que não. Imprensa golpista existe desde a época de Samuel Wainer e  Carlos Lacerda.

- Então, trata-se mesmo de golpismo?


Minha resposta é sim, desde que lembremos que os militantes do PT pediram o impeachment de Collor e, mais tarde, o de Fernando Henrique Cardoso (como me recordam algumas pichações de valor arqueológico na Zona Leste de São Paulo, especialmente junto da linha leste-oeste do Metrô.) O golpe estava na natureza mesma do governo Lula, que se elegeu traindo o programa do seu partido, com a manutenção da política econômica de incentivo ao capital financeiro promovida por Fernando Henrique Cardoso, ao mesmo tempo que construía uma imensa rede clientelista com o Programa Bolsa Família: um entrave que bloqueia toda a discussão da esquerda sobre a distribuição de renda, como apontou Francisco de Oliveira em várias de suas entrevistas e artigos sobre a "hegemonia às avessas" criada pelo lulismo.

Se há golpismo, ele vem de muitos lados: da ignorância petista, do clientelismo lulista e da corrupção de alto coturno praticados pelo grupo de Zé Dirceu; o golpismo vem do exibicionismo midiático do Supremo Tribunal Federal, especialmente do ministro Joaquim Barbosa, merecidamente homenageado na forma de máscara carnavalesca, que faz par com a toga de justiceiro (já tivemos o Tenório Cavalcanti como homem da capa preta); o golpismo vem do inolvidável aperto de mão entre Maluf e Lula, diante de um Haddad esquecido das lições da USP e mais disposto a fazer negócio no atacado e no varejo à maneira da lojinha na rua 25 de março.

Se há golpismo, ele vem de muitos lados. E o golpeado sou eu, cidadão brasileiro e eleitor de esquerda recluso no absenteísmo, no voto nulo ou no triste voto útil, de nariz torcido, dado ao PT nas últimas eleições municipais, para tentar impedir que a prefeitura da minha cidade caísse nas mãos de uma caricatura do Nosferatu ou do grupo de beatos babosos do governador Alckmin, que sempre terá muito ócio improdutivo para pedir perdão a Deus por cada policial militar assassinado neste ano.  Será que a Opus Dei não se importa com a polícia?


4. Existe possibilidade de atuação construtiva na vida pública institucional ?

Não com essas instituições, não com essa correlação de forças. 

Conheço uns tipos que estão loucos para se candidatarem, pregando uma cruzada moralista e, uma vez eleitos, locupletarem-se: eles sabem  que não conseguirão uma aposentadoria "digna" como empregados do sistema capitalista de educação. Simplesmente não posso culpá-los pelo desespero e cinismo que os faz sonhar em mergulhar na cloaca máxima.

Pense no que escrevi. Quando tivermos tempo, conversaremos a respeito por telefone.

Um abraço



2 comentários:

  1. Renato, peço licença para ser o primeiro a comentar esta carta que não é dirigida a mim, mas que muito me interessou. Aí vai:

    Caro Valdir, constantemente me lembro de uma frase de sua última carta a mim endereçada, quando dizia que, para os freudianos há três profissões impossíveis: educar, curar e governar. Isso me põe num dilema para pensar essa questão da imprensa.
    Primeiramente, gostaria de dizer que eu também, no mínimo, desconfio muito da tese de uma imprensa golpista. Ela me parece extremamente conspiratória e tendo a não acreditar em conspirações, mesmo quando vejo uma. Acho que isso é uma herança hegeliana, acreditar que a razão está nas coisas, nas instituições, nos sistemas e não nos indivíduos. Por outro lado, acreditar muito em conspirações parece ser crer por demais na capacidade dos indivíduos de guiar seu destino e, pior, o dos outros.
    Aqui em casa assino a Folha e o Estadão, mas só para os fins de semana. Em geral não me sinto prejudicado, mas diversas vezes fico com vontade de cancelar a assinatura por ter a impressão se estar ajudando a financiar um panfleto publicitário de carros e shopping centers.
    Acho que sua opinião sobre o Diogo Mainardi e o Pondé é um pouco tranquila demais. Pois sempre fico pensando que há muita gente que lê esses caras para reafirmar suas opiniões, em geral, terrivelmente simplistas sobre como o mundo é e sobre como não temos que tentar mudá-lo.
    Mas o pior é que não consigo deixar de pensar, para nos atentarmos a um exemplo menos pontual, no que faz um órgão de imprensa como a revista veja continuar existindo e, pior, tendo credibilidade. Seguindo um pouco o seu raciocínio, isso se daria porque a marvadamente consagrada revista publicaria o que seu público quer ler. Mas isso nos levaria a uma outra questão, que é a origem desse público.
    Pensando de uma forma malandramente marxista – digo isso, agora, porque nunca li nada do Marx sobre imprensa ou formação de opinião pública e tenho parco conhecimento de Gramsci ou outros companheiros – seria a estrutura de classes que daria origem a este público. A veja seria apenas parte da conhecida superestrutura. Mas isso também me contenta pouco. Talvez porque eu ainda seja um tanto humanista e não acredite totalmente na impossibilidade da educação.
    Sobre o golpismo acho que você aponta muito bem os golpistas de todos os lados e talvez eles exista por ser o golpismo uma das principais formas de se fazer política. A tragicidade dessa afirmação eu ainda tenho que entender, mas é o que parece, que estamos perdidos em um meio de golpistas e talvez nós mesmos o sejamos sem sabe-lo, ou quase...

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  2. Murilo,

    Nesta carta, eu me limitei a manifestar meu desconforto com a hipótese de um Partido da Imprensa Golpista. Valendo-me apenas de bom senso, fiz algumas considerações prévias para descartar os absurdos mais evidentes, derivados da polarização partidária entre PT e PSDB.

    Nunca estudei a história e a teoria do jornalismo, mas sou leitor de jornais, tenho ex-colegas jornalistas e trabalho com questões da linguagem e da persuasão. Sobretudo, sou um cidadão interessado no que é notícia. Daí que eu tenha tomado a liberdade de falar de maneira não-teórica sobre o assunto.

    A questão sobre a origem do público que sustenta a revista Veja merece atenção, estudo e reflexão. É um bom assunto para pensarmos a respeito. Bem mais prático, direto e relevante do que a exegese teológica sobre a teoria do valor n'O Capital. Acho que o assunto rende algumas cartas, mais documentadas em termos teóricos e políticos.

    Um grande abraço!



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