O autor, que passa a maior parte do ano submetido às injunções da docência proletarizada, tem agora as suas merecidas férias de verão. No entanto, como professor inveterado que é, solicita aos leitores pensarem um pouco a respeito do que escreveu em A claraboia e o holofote #15:
"O Manifesto do Partido Comunista sofre de legibilidade ilusória.
O que é atual não é o texto, inevitavelmente marcado pelo lugar e tempo da enunciação; atual é o efeito das forças econômicas, sociais e políticas que se apoderaram dos significantes e remanejaram os significados, num processo semelhante ao das conquistas territoriais.
O que me interessa na seção II não é a verdade do Manifesto nem a sua atualidade, mas as condições de sua legibilidade. O caráter instrumental, polêmico e imediato do Manifesto do Partido Comunista cobra um preço muito alto de seus leitores, mesmo que eles não se deem conta disso. O texto da seção II foi definitivamente rasurado pelos acontecimentos históricos subsequentes, desde a revolução de fevereiro de 1848 aos processos de Moscou – época em que se constituíram as peças da acusação movidas contra o comunismo, não só pelos liberais quanto por muitos marxistas."
O Sobrinho de Enesidemo volta em fevereiro para levar adiante essa proposta de leitura.
Para os sectários de esquerda ou de direita, para os dogmáticos em geral e para os neófitos cheios de convicções, fica a advertência do Sobrinho de Enesidemo (que nesse particular saiu bem ao tio):
Caiam fora!
Se quiserem simples opiniões e pontos de vistas, vão catar buritis noutras veredas.
Este blog é um lugar para quem tem paciência de pensar.
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