terça-feira, 27 de agosto de 2013

Il moto non è diverso dalla stasi #6





RAVENA


Passagem e Fim

Ravena é um meio ou um ponto final: nada começa aqui.

O imperador Honório transferiu a corte para Ravena quando os visigodos de Alarico avançavam sobre Milão no ano 404 da era cristã. Durante setenta e dois anos, a cidade, elevada à capital do Império Romano do Ocidente, resistiu à incompetência dos imperadores e às investidas bárbaras até que uma coalizão variada de godos, liderada por Odoacro, destronou Rômulo Augústulo, o último imperador do Ocidente. 

O êxito de Odoacro, autoproclamado “Rei da Itália”, atraiu a atenção de Teodorico, chefe dos ostrogodos, que invadiu Ravena em 493. Odoacro foi assassinado, mas o reinado ostrogodo durou pouco. Em 540,  a cidade foi conquistada pelas tropas bizantinas do general Belisário, a serviço da política de Justiniano de reconquista do decaído império romano do Ocidente.  

A Ravena bizantina caiu nas mãos dos lombardos em 751, mas esse domínio também foi efêmero. Pepino, rei dos francos, por solicitação do papa, derrotou os lombardos e implantou a autoridade pontifical na região. Eis porque o filho de Pepino, Carlos Magno, que visitou Ravena mais de uma vez, teve o direito de espoliar os mármores e mosaicos da cidade para construir a Capela Palatina em Aachen.

O último esplendor de Ravena foi na época de Guido da Polenta, protetor de Dante e pai de Francesca de Rimini, a famosa protagonista do Canto V da Divina Comédia. A serviço de Guido, Dante Alighieri embarcou numa viagem diplomática rumo a Veneza. Na volta, contraiu a febre que o matou em 14 de setembro de 1321 na cidade de Ravena. 

E caddi come corpo morto cade.

interior da basílica de Santo Apolonio Novo   foto: Ludmila Ciuffi


Por que não vi o túmulo de Dante

As viagens, mesmo as bem sucedidas, são feitas de desencontros e desistências. No primeiro momento, saltamos às pressas do trem e corremos para ver a atração principal. É preciso cruzar ruas que, na rapidez da passagem, parecem-nos insípidas. Depois, fazemos fila, pagamos os tickets e seguimos o traçado imutável das visitações reverentes; uma hora mais tarde, atravessamos novamente as ruas e as pessoas e já estamos no item seguinte da lista longamente preparada. 

Há, no entanto, um momento em que o roteiro se desfaz e borram-se todas as linhas.  Avassalados pelos tempos mortos da travessia, renunciamos à viagem. Em segredo, passamos a odiá-la, ansiando o conforto do vagão de trem e o sono reparador. Temos pressa em transformá-la em memória para que ela se torne suportável.

O roteiro previsto precisa ser sacrificado; é imperioso que seja sacrificado. A negação é o último ato de vontade que nos resta. É essencial que algo seja deixado para trás, intocado pelas nossas fotos, ao menos como uma promessa de retorno.

Por isso, eu não vi o túmulo de Dante.

tribunas da igreja de San Vitale


Uma dama do século V

Em Ravena, Gala Placídia  está em toda parte. 

Filha do grande Teodósio, esposa relutante do visigodo Ataulfo e de Constâncio III, meia-irmã do fraco imperador Honório e mãe do incompetentíssimo Valentiano III, ela ao menos mostrou decência e bom gosto nas construções que mandou erigir em Ravena. Especialmente o famoso mausoléu, onde ela jamais foi enterrada.

O Mausoléu de Gala Placídia; ao fundo San Vitale (2013)

 
Interior do Mausoléu de Gala Placídia: detalhe dos mosaicos decorativos   foto: Ludmila Ciuffi

Klimt, As três idades da mulher (detalhe), Galeria Nacional de Arte Moderna, Roma  foto: Ludmila Ciuffi


San Vitale

Os últimos governantes ostrogodos de Ravena começaram a construção de San Vitale na década de 20 do século VI. A construção é bem romana: sua massa e seu volume não tentam desafiar a lei da gravidade, mas conspiram com ela num pacto das forças. Quando os bizantinos conquistaram a cidade, a eficiente máquina de propaganda do imperador Justiniano concluiu a decoração da igreja, representando o Imperador e a basilissa Teodora num cortejo hierático em que se fundem o poder real e o dom sacramental, com a chancela do bispo da cidade, Maximiano, única figura nomeada.

Entretanto, no momento em que o imperador se ocupava com a política militar no Ocidente, no seu sonho de reerguer o Império Romano, as fronteiras orientais de Bizâncio eram ameaçadas pelos persas, pelos turcos e pelos eslavos. Nas décadas seguintes, a maior parte do legado de Justiniano no Oriente se apagou. De todas as suas infinitas imagens, restaram apenas os mosaicos de San Vitale de Ravena, onde Justiniano e Teodora jamais estiveram.

Teodora, San Vitale  foto: Ludmila Ciuffi

Abside de San Vitale   foto: Ludmila Ciuffi

interior de San Vitale


K/K

Embora não gostasse de viajar, Gustav Klimt esteve duas vezes em Ravena no ano de 1903. Apaixonou-se pelo ouro dos mosaicos de San Vitale e pelas figuras bidimensionais. A visita a Ravena foi um ponto de inflexão na obra de Klimt. Depois da áspera polêmica a respeito das pinturas na Universidade de Viena e do friso em homenagem a Beethoven no Pavilhão da Secessão, Klimt vivia uma crise, ao fim da qual ele abandonou a pintura alegórica e os últimos compromissos com uma representação verista.  Quando ele retornou a Viena, sua pintura incorporou os tons de ouro e a estilização geométrica dos elementos da natureza.

Klimt, As três idades da mulher (detalhe), Galeria Nacional de Arte Moderna, Roma  foto: Ludmila Ciuffi

Ao contrário de Klimt, Paul Klee era um viajante experiente. Desde o começo do século visitava regularmente a Itália, apesar dos problemas crônicos de dinheiro. Embora amasse Nápoles, é bem possível que nenhuma viagem tenha causado tanto impacto na sua arte quanto a visita à Tunísia em 1914.  Por isso, talvez seja errôneo atribuir demasiada importância à visita que Klee, sua esposa Lily e seu filho Felix fizeram a Ravena em setembro de 1926, embora seja possível ver em obras como Ad Parnassum os sinais da admiração pelos mosaicos. 

Não acredito, porém, que Klimt e Klee precisassem da visita a Ravena para chegar aos resultados pictóricos que alcançaram. Ravena, mais do que Veneza, é o retrato e a lembrança de uma longa decadência que escorre lentamente na escala dos séculos. Cidades assim servem como refúgio para uma civilidade acuada pelo ruído da barbárie. Por isso, parece-me que era um lugar onde Klimt poderia descansar de uma Viena intoxicada pelas contradições de um liberalismo em crise e pela ascensão de uma direita anti-semita liderada pelo prefeito Karl Lueger, que Hitler sempre admirou. Também me parece adequado que Paul Klee, já professor da Bauhaus, seguisse para Ravena quando Walter Gropius se via às voltas com os problemas financeiros da escola, ameaçada pela crise econômica e pelas crescentes forças da extrema direita que tomavam corpo na Alemanha. 


fachada do assim chamado Palácio de Teodorico


Por que não vi a tumba de Teodorico

Do restaurante, eu via um trecho da fachada do assim chamado Palácio de Teodorico. Mas, em Ravena, tudo se desloca e escapa por entre nossos dedos. A verdade é que Teodorico jamais viveu ali, perto de Santo Apolonio Novo, mas sim  junto ao Batistério dos Arianos. 

Não me lembro do que comi, mas sei que saí satisfeito e disposto a caminhar mais um bocado. Nesse momento tivemos que fazer nossa escolha: seguiríamos para o túmulo de Dante ou iríamos para o lado oposto da cidade, em direção à tumba de Teodorico, que fica além da ferrovia?

Concordamos em voltar para a estação de trem e, no caminho, conhecermos a igreja de São João Evangelista, terrivelmente danificada no bombardeio de 1944, quando a cidade foi libertada. Olhamos com carinho para os mosaicos naïfs que adornam as naves da basílica. As ruas perpendiculares à linha férrea tem nomes bonitos. Uma se chama via Beatrice Alighieri, em homenagem à filha de Dante, que se tornou freira em Ravena e, já idosa, recebeu dez florins de ouro das mãos de Boccaccio. A praça junto à igreja de São João tem o nome de Anita Garibaldi.

A heroína catarinense, que conheceu Garibaldi em Laguna, morreu numa fazenda perto de Ravena, junto com o filho recém-nascido, enquanto se escondia da perseguição das tropas austríacas no tumultuado ano de 1849 (Ravena sempre foi um meio ou um ponto final).

Anita não descansou tão cedo. O corpo foi levado para Nice e para Gênova. Finamente, quase noventa anos depois, ela foi enterrada com honras no Janículo, colina romana dos heróis e dos arúspices, na presença de Benito Mussolini.
 
Na praça Anita Garibaldi, um grupo de idosos passou o dia de sol conversando animadamente. Pelo menos três deles se pareciam com meu pai, com meu avô e com meu bisavô Battista.

(Eis-me de volta à infância. Então é isso? Viajamos para encontrar nossos fantasmas? Parece que o percurso da viagem nunca é maior do que o perímetro de nossas obsessões.)

Pegamos o trem regional para Bolonha e o Freccia para Florença.




Michael Angold, Bizâncio, Imago| Xavier Barral i Altet, A Alta Idade Média, Taschen| Giuseppe Bovini, Ravenne: Art et Histoire, Editions Longo| Diana Bowder, Quem foi quem na Roma Antiga, Círculo do Livro| Peter Brown, The World of late Antiquity, W.W. Norton| Susanna Partsch, Klee, Taschen| Barbara Reynolds, Dante: o poeta, o pensador político e o homem, Record| Steven Runciman, A Civilização Bizantina, Zahar Editor| Carl Schorske, Viena fin-de-siècle, Companhia das Letras| Ronaldo Vainfas, Dicionário do Brasil Imperial, Objetiva


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Il moto non è diverso dalla stasi #5





VENEZA

I


Foi em Veneza que Mussolini e Hitler se encontraram pela primeira vez, em 14 de junho de 1934.

O chanceler alemão cometera o erro de não usar uniforme. Sua gabardina amarfanhada pela viagem de avião até o aeroporto de San Nicolò de Lido dava um contorno ainda mais encolhido aos seus ombros estreitos. Diante do uniforme teso do ditador fascista, com todos os seus galardões, Hitler fazia uma pobre figura de porteiro embaraçado, o que não reforçava nem um pouco sua pretensão de anexar a Áustria, assunto principal daquela reunião de cúpula.

Contrário às ambições alemãs, Mussolini não queria mostrar ao mundo que dava muita importância para esse primeiro encontro com Hitler. Por isso, o local escolhido foi Veneza, e não Roma. É bem possível que, mesma razão, Mussolini não tenha feito nenhum gesto para gratificar o conhecido wagnerismo do chanceler alemão. Veneza é a cidade em que Wagner morrera cinquenta anos antes. No entanto, não se organizou nenhuma homenagem no palácio Vendramin-Calergi, onde o compositor faleceu. É bem possível que, no seu cruzeiro pelo Grande Canal, Hitler não tenha sequer reconhecido a fachada daquele lugar quase mítico para os alemães (John W. Barker, Wagner and Venice, University of Rochester Press, 2008 pp. 263-265).


O Grande Canal em frente a Santa Maria della Salute



II


Quando entrou em Veneza pela primeira vez em agosto de 1858, Richard Wagner tinha 45 anos. O segundo ato de Tristão e Isolda estava concluído e o compositor mantinha um caso amoroso, tão intenso quanto complicado, com Mathilde von Wesendonck, esposa de um rico comerciante que o patrocinava.

Depois da efêmera república proclamada em 1848, Veneza e todo o Vêneto eram controlados novamente pelas autoridades austríacas, mas de maneira cada vez mais precária.  Wagner, porém, não estava interessado na política local. Ficou num hotel na Riva degli Schiavoni, não muito longe de São Marcos, e escreveu para Mathilde em setembro: “Descendo o Grande Canal até a Piazzetta, impressões melancólicas e clima solene;  grandiosidade, beleza e decadência lado a lado; contudo, o conforto de refletir que a modernidade não floresceu aqui e, em consequência, nada de banalidades espalhafatosas. O efeito mágico da Praça de San Marcos. Um mundo que sobreviveu, distante de tudo, admiravelmente satisfaz o desejo de solidão: nenhuma vida real que possa diretamente atingir alguém; tudo objetivo, como uma obra de arte”. (citada por John W. Barker, op. cit. , p. 7)



foto: Ludmila Ciuffi



III


Depois da estreia de Parsifal em Bayreuth, Wagner seguiu mais uma vez para Veneza em setembro de 1882.  Ele abominava o frio setentrional e já fazia muitos anos que buscava as paragens mais quentes da Itália. Em outubro, Cosima e ele receberam a notícia da súbita morte do Conde Gobineau na estação de trem de Turim. Desde 1880, quando tiveram longas conversas no palácio Vendramin-Calergi, Wagner passara a ter grande estima pelo escritor francês, que fora embaixador junto ao Imperador do Brasil e ao Xá da Pérsia, e tornara-se conhecido pelo seu Essai sur l’inegalité des races humaines. Na época, Wagner chegara a confidenciar a Cosima: “Este é meu único contemporâneo” (Jean Boissel, Gobineau: biographie, Berg International, Paris, 1993 p. 287). 

A geração de Wagner morria: a geração que vivera a paixão da Primavera dos Povos de 1848. Mazzini se fora em 1872; Bakunin, que estivera ao lado de Wagner nas barricadas de Dresden, havia falecido em 1876. Garibaldi morrera em junho de 1882, e agora partia o conde Gobineau. O próprio Wagner não se demorou muito. Cosima o encontrou morto no dia 13 de fevereiro de 1883.  Em Londres, um mês depois, faleceria outro grande revolucionário de 1848: Karl Marx. 


foto: Ludmila Ciuffi



IV


A notícia da morte de Wagner foi dolorosa para Nietzsche. Pouco antes de conhecer pessoalmente o compositor, ele escrevera: “O que eu gosto em Wagner é o que gosto em Schopenhauer – o ar ético, a aura fáustica, cruz, morte, sepultura etc” (carta e Rohde, de 8 de outubro de 1868 citada por Dieter Borchmeyer, Drama and the World of Richard Wagner, Princeton University Press, 2003 p. 291). 

Nomeado para a cadeira de filologia em Basileia em 1869, Nietzsche passou a frequentar a casa de Wagner em Lucerna. Foram anos inesquecíveis em que o jovem professor se desdobrava como o factotum da família. Todavia, depois da publicação de Humano Demasiado Humano, o afastamento entre Nietzsche e Wagner parecia consumado. Numa carta a Peter Gast, de 31 de maio de 1878, ele observou: “uma espécie de excomunhão foi pronunciada contra o meu livro em Bayreuth” (Dieter Borchmeyer, op. cit., p. 296). 


Quando Wagner faleceu, Nietzsche estava do outro lado da Itália, em Rapallo, litoral da Ligúria, sofrendo as dores do amor infeliz por Lou Salomé, enquanto escrevia Assim Falava Zaratustra. Sempre assombrado pelas coincidências, que para ele tinham a marca da fatalidade, Nietzsche registrou, na sua obra derradeira, que havia colocado o ponto final da primeira parte do Zaratustra, “precisamente na hora santa em que Richard Wagner expirava em Veneza” (Ecce Homo, “Por que escrevo livros tão bons”). 


San Giorgio vista da Piazzeta di San Marco



V


Não amo a literatura de Gabriele d’Annunzio: o seu decadentismo me aborrece tanto quanto as suas bravatas fascistas. Entretanto, não posso deixar de me comover com o final de Il fuoco, de 1900, com seu  ritmo staccato de marcha, que evoca a solenidade ao mesmo tempo espectral e épica, da morte de Siegfried no Crepúsculo dos Deuses, enquanto exorciza a força do oblívio com aqueles  ramos de louro de um verde latino, brônzeo e perene, colhidos no Janícolo, colina dos arúspices e dos heróis.

Stelio Èffrena domandò alla vedova di Riccardo Wagner che ai due giovani Italiani i quali avevano trasportato una sera di novembre dal battello alla riva l′eroe svenuto, e a quattro loro compagni, fosse concesso l′onore di trasportare il feretro dalla stanza mortuaria alla barca e dalla barca al carro. Tanto fu concesso.
Era il 16 di febbraio: era un′ora dopo il mezzogiorno. Stelio Èffrena, Daniele Glàuro, Francesco de Lizo, Baldassare Stampa, Fabio Molza e Antimo della Bella attendevano nell′atrio del palazzo. L′ultimo era giunto da Roma avendo ottenuto di condurre seco due artieri, addetti all′opera del Teatro d′Apollo, perché portassero al funerale i fasci dei lauri colti sul Gianicolo.
Attendevano senza parlare e senza guardarsi, ciascuno essendo vinto dal palpito del suo proprio cuore. Non s′udiva se non uno sciacquio fievole su i gradini di quella grande porta che nelle candelabre degli stipiti recava scolpite le due parole: DOMVS PACIS.
L′uomo del remo, che era stato caro all′eroe, discese a chiamarli. Egli aveva gli occhi bruciati dalle lacrime sul viso maschio e fedele.
(...)
Il cadavere era là, chiuso nella cassa di cristallo; e accanto, in piedi, era la donna dal viso di neve. La seconda cassa, di metallo forbito, brillava sul pavimento aperta.
I sei portatori si disposero innanzi alla salma, aspettando un cenno. Altissimo era il silenzio, ed essi non battevano palpebra; ma un dolore impetuoso investiva le loro anime come una raffica e le squassava fin nelle radici profonde.
Tutti erano fissi all′eletto della Vita e della morte. Un infinito sorriso illuminava la faccia dell′eroe prosteso: infinito e distante come l′iride dei ghiacciai, come il bagliore dei mari, come l′alone degli astri. Gli occhi non potevano sostenerlo; ma i cuori, con una meraviglia e con uno spavento che li faceva religiosi, credettero di ricevere la rivelazione di un segreto divino.
La donna dal viso di neve tentò un lieve gesto, rimanendo rigida nella sua attitudine come un simulacro.
(...)
La barca funebre attendeva dinanzi alla porta. Su la cassa fu distesa la coltre. I sei compagni attesero a capo scoperto che la famiglia discendesse. Discese, insieme stretta. La vedova passò velata; ma lo splendore della sua sembianza era nella memoria dei testimoni per sempre.
Il corteo fu breve. La barca mortuaria andava innanzi; seguiva la vedova con i cari ; poi seguiva il drappello giovenile. Il cielo era ingombro su la grande via d′acqua e di pietra. L′alto silenzio era degno di Colui che aveva trasformato in infinito canto per la religione degli uomini le forze dell′Universo.
Una torma di colombe, partendosi dai marmi degli Scalzi con un fremito balenante, volò sopra la bara a traverso il canale e inghirlandò la cupola verde di San Simeone.
All′approdo uno stuolo taciturno di devoti attendeva. Le larghe corone odoravano nell′aria cinerea. S′udiva l′acqua sbattere sotto le prue ricurve.
I sei compagni tolsero il feretro dalla barca e lo portarono a spalla nel carro che era pronto su la via ferrata. I devoti appressandosi deposero le loro corone su la coltre. Nessuno parlava.
Allora s′avanzarono i due artieri con i loro fasci di lauri colti sul Gianicolo.
(...)
Nobilissimi erano quei lauri latini, recisi nella selva del colle dove in tempi remoti scendevano le aquile a portare i presagi, dove in tempi recenti e pur favolosi tanto fiume di sangue versarono per la bellezza d′Italia i legionarii del Liberatore. Avevano i rami diritti robusti bruni, le foglie dure, fortemente innervate, con i margini aspri, verdi come il bronzo delle fontane, ricche d′un aroma trionfale.


Santa Maria della Salute e a Dogana del Mare ao fundo



VI


Quem sai da Estação Santa Lucia é saudado pela cúpula de São Simeão, do outro lado do canal. Foi assim que Veneza nos recebeu quando desembarcamos lá pela primeira vez numa manhã gelada de janeiro de 2012.

Na proa do vaporetto apinhado de turistas, eu tentava filmar o que era possível. Do lado em que estava, mal dei atenção para o palácio Vendramin-Calergi. Fiquei mais ocupado em observar a Ca’ Pesaro, mais adiante, no lado oposto, ou esperar a ponte de Rialto aparecer aos poucos na curva do Grande Canal. 

Era uma sexta-feira, o movimento comercial era grande. Passamos por uma feira livre e já entrevíamos a ponte da Accademia e o contorno de Santa Maria della Salute, dissolvida na névoa que um sol distante e opaco tentava inutilmente vencer.

Ludmila tiritava de frio. 

Na Piazzetta di San Marco, ruído, chineses, russos, brasileiros, mexicanos, franceses, alemães e norte-americanos às dúzias; mal se via a ilha de São Jorge do outro lado das águas.  Veneza é agressivamente venal: nas barracas, quinquilharias de vidro de Murano, máscaras plásticas feitas na China, camisetas, ímãs de geladeira na forma da Torre de Pisa, do Coliseu, do Davi, de Michelangelo. Chaveiros com pequenas gôngolas.  O mundo moderno com toda a sua banalidade espalhafatosa. A comida era ruim e os preços, indecentes. Vimos alguns mendigos, que nos pareceram o que havia de mais autêntico na cidade.

Enfim, parecia que perdéramos o dia, mas a tarde trouxe surpresas boas. A Escola de São Roque estava vazia e pudemos ficar a sós com os painéis de Tintoretto.  O sol apareceu à tarde e iluminou a sacada da Basílica de São Marcos, de onde olhávamos a praça que, aos poucos, esvaziava.


fachada da Basílica de São Marcos


Voltamos a pé para a estação Santa Lucia, caminhando pelos becos desde o teatro La Fenice.


VII


Veneza nos foi menos ingrata depois.  Não fazia tanto frio, ou o céu azul dava alguma consolação a nós, que viemos do Sul.  Nosso plano era simplesmente vagar desde a Accademia até a ponta da Dogana, onde podíamos ver a fachada da igreja de Palladio,  e margear o canal da Giudecca. 


ponta da Dogana del Mare



A fachada da igreja de San Giorgio, de Andrea Palladio



Os turistas estavam alhures, nos lugares de sempre, enquanto nós podíamos nos sentar junto ao canal, cujas águas tinham um verde prateado que ofuscava os mergulhões preguiçosos de asas abertas. 


O canal da Giudecca: ao fundo a Basílica do Santíssimo Redentor



Embrenhamo-nos por Dorsoduro. 



Um dos canais de Dorsoduro


Em frente à igreja de São Sebastião, em que se restauravam os afrescos do Veronese, eu tentava adivinhar qual seria a casa de Giorgio Agamben. Muitas mães tomavam sol com os bambinos no Campo Santa Margherita. Nenhum fotógrafo amador na pequena ponte diante de Santa Maria dei Frari. 

Em Rialto, uma adolescente japonesa usava o i-pad como espelho para arranjar a franja. Do outro lado do Grande Canal, driblamos as hordas estáticas para chegar a tempo de contemplar a luz da tarde refletida nos mármores de Santa Maria dei Miracoli.


Santa Maria dei Miracoli    foto: Ludmila Ciuffi


No Palácio dos Doges, olhamos com entediado respeito as salas monumentais onde, outrora, ditava-se o destino dos mares Adriático e Egeu. Na Ponte dos Suspiros, ao sairmos dos calabouços, vi que a noite caía. Já libertos, vadiamos pela Riva degli Schiavoni. 

Ao longe, víamos o Lido reduzido a uma poeira de luz aureolada pelo vapor que subia da laguna. Eu sorri, lembrando das luzes do Vidigal, quando se vai pelo calçadão de Ipanema rumo ao Leblon. Só luzes no azul quase negro. Sem brumas de heróis, nem louros do Janícolo, sem doges nem Casanovas. 


Veneza não nos enganou dessa vez. 



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Il moto non è diverso dalla stasi #4








PÁDUA



VBI TROIA FVIT

Começa em Troia.

Antenor, velho conselheiro de Príamo, era amigo dos Aqueus. Antes da guerra, recebera Menelau e Ulisses que, como embaixadores, tentaram resolver pacificamente a devolução de Helena (Ilíada, III, 204-206). Os esforços foram em vão. 

A guerra atroz, que tantos heróis teucros e helenos enviou ao Hades, durou dez anos. Ilion de fortes muralhas foi saqueada pelos Aqueus que, no entanto, pouparam a casa e a estirpe do velho amigo troiano.

Antenor e seus filhos fugiram da cidade em chamas. Pela costa da Trácia atravessaram o mar escuro como o vinho e subiram uma das nove bocas do rio Brenta até uma ilha fluvial. 

Sentou Patávio aqui, deu casa a Teucros, 
nome à gente, e os brasões fixou de Troia 
(Virgílio, Eneida, I  247-249 tradução de Manuel Odorico Mendes)

Antenor, fundador de Pádua, pai do povo vêneto, é meu ancestral. Que importa que seja um mito?


PATAVIVM

Os cidadãos de Patavium obtiveram cidadania romana em 49 a.C.

Tito Lívio, um dos mais célebres filhos de Pádua, tinha apenas um ano de idade. Para Roma, ele seguiu já adulto, sob o reinado de Augusto, cuja amizade conquistou. Escreveu sua grande história de Roma Ab Urbe Condita e morreu em Patavium no ano 17 da era Cristã. Sua prosa imitava a de Cícero, mas jamais perdeu uma certa dicção provinciana que o escritor Asínio Pólio, amigo de Catulo, partidário de Júlio César e legado de Marco Antonio, chamava de “patavinitas” (Paul Harvey, Dicionário Oxford de Literatura Clássica, Jorge Zahar editor)

Não era má cidade aquela Pádua romana. Tinha o seu porto fluvial, seus canais, uma arena, belas casas patrícias e um amplo teatro onde sofreram martírio os primeiros cristãos do lugar, entre os quais Santa Justina. 

A cidade de Antenor não pode escapar, porém, dos bárbaros que vieram no Norte.  Os hunos a saquearam em 452, os longobardos em 602, por fim, os húngaros no início do século X.

A Basílica de Santa Justina vista do Prato della Valle (2013)



PADOVA

A Patavium romana não era mais.  A Padova que se ergueu sobre o alinhamento das ruas romanas (o cardum e o decumanus) tinha como umbigo uma igreja que veio a se tornar o Duomo. O rio Brenta, que trouxera Antenor, desviou violentamente seu curso depois da grande cheia de 589. O antigo teatro arrasado era agora o Prato della Valle, a esplanada onde se reuniam os cidadãos. 

Prato della Valle em 2013

Não havia mais cônsules de latim impecável, nem régulos de fala estrangeira. Nas ruas se ouvia uma língua latina muito rude que servia bem para o dia-a-dia. O bispo governava a cidade. O comércio prosperou através dos canais que conduziam ao mar Adriático. Vieram as ordens monásticas: os eremitanos primeiro; um pouco mais tarde, no começo do século XIII, os franciscanos liderados por Antonio de Lisboa, célebre pregador, capaz de fazer-se ouvir até pelos peixes daqueles canais. Onde morreu Antonio se ergueu uma grande basílica que guarda suas relíquias. Em Pádua, ele se tornou, por antonomásia, o Santo.

Santo Antonio, santo dos pobres, faleceu numa cidade que se orgulhava da sua riqueza crescente. A comuna, liderada por homens de negócios poderosos, permitiu que um grupo de professores e estudantes dissidentes da Universidade de Bologna constituíssem o Ateneu paduano, núcleo da célebre universidade. Mais tarde, por volta de 1300, foi erguida uma sede magnífica para a corte de justiça: o Palazzo della Ragione.

Palazzo della Ragione: Lapis Vituperii onde se sentavam os caloteiros escarnecidos


Palazzo della Ragione: foto de Ludmila Ciuffi



A FAMILIA SCROVEGNI


Antonio, santo dos pobres, morreu numa cidade de usurários. Um deles era Reginaldo Scrovegni, que Dante mandou para o Inferno na Divina Comédia (Canto XVII, 64-75). Enrico, filho de Reginaldo, também usurário por vício familiar, comprou o terreno junto à antiga arena romana, perto do monastério dos eremitanos, para construir seu palácio e uma igrejinha dedicada à Nossa Senhora da Anunciação. Para decorá-la, chamou o célebre Giotto, que já trabalhara para o Papa, para o rei de Nápoles, para os Malatesta de Rimini, para a poderosíssima ordem franciscana que lhe encomendara os afrescos da basílica inferior de Assis e das capelas na basílica do Santo de Pádua.

As maledicências e os ressentimentos que sempre falam pela boca das tradições locais dizem que Enrico encomendou obra tão rica a fim de obter indulgência para os suplícios que seu pai sofria no sétimo círculo do Inferno. Hoje não se acredita mais nisso. Enrico era ambicioso e pretendia ter influência nos assuntos da cidade por meio de sua amizade com o bispo (Giuseppe Basile, Giotto: Gli Affreschi della Cappela degli Scrovegni a Padova, Skira, 2002, p. 21).

A capela dos Scrovegni foi consagrada em 25 de março de 1305, dia da Anunciação. 

Giuseppe Basile (1942-2013), diretor do Istituto Superiore per la Conservazione ed il Restauro (ISCR), que liderou a equipe de restauração da Cappela Scrovegni, explica que “per consentire ai fedeli di meditare sui misteri della Salvazione Giotto impone un percorso mentale che è anche, potenzialmente, movimento físico, disponendo gli episodi in una sequenza narrativa tale che il riguardante è sollecitato a ‘muoversi’ per ben tre volte prima di arrestar lo sguardo dinanzi all’altare. Da qui, per decidere del proprio comportamento, dopo il ‘memento mori’ delle due cappele funerarie dipinte ai lati dell’altare, non gli resta che considerare i percorri irrimediabilmente alternativi configurati nelle due pareti lunghe dalla sequenze  dei Sette Vizi e delle Sette Virtù: i primi, sulla parete settentrionale, conducono – con um crescendo che culmina nella Disperazione penzolante impicatta – dritto all’Inferno; le altre, culminante nella Speranza levata in volo, conducono nella zona destinata agli Eletti.” (idem, p. 22).

Do livro Giotto: Gli affreschi della Cappella degli Scrovegni a Padova, Skira



NO RENASCIMENTO

Pádua tinha situação estratégica e riqueza, por isso era cobiçada pela Sereníssima República de Veneza e pela família Della Scala, que governava Verona.

A comuna de Pádua, para se defender, ofereceu o poder ao capitão Jacopo da Carrara, que se tornou Signore e inaugurou uma efêmera dinastia que renovou o prestígio da cidade. Um Carrara, Francesco, se tornou amigo de Petrarca e deu-lhe terras nos montes Eugâneos, onde o poeta morreu e foi sepultado em 1374 (John Hale, Dicionário do Renascimento Italiano, Jorge Zahar editor). 

Em 1405, embora absorvida por Veneza, Pádua manteve sua reputação e suas instituições. Erasmo de Narni, mais conhecido como Gattamelata, famoso condottiere a serviço da Sereníssima, governou a cidade e lá morreu em 1443. Donatello, que havia trocado Florença por Pádua nessa época, produziu tempos depois o primeiro monumento equestre desde a antiguidade: a estátua brônzea de Gattamelata que ainda hoje se encontra exposta aos elementos em frente da basílica do Santo de Pádua, para a qual o mesmo Donatello fez um altar portentoso.

A estátua equestre de Gattamelata na frente da Basílica de Santo Antonio: foto Ludmila Ciuffi

As qualidades escultóricas de Donatello eram admiradas pelo jovem Andrea Mantegna, que fora contratado naquela década de 1450 para pintar os afrescos da capela Ovetari na velha igreja dos Eremitanos.

O afresco de Mantegna extremamente danificado pelo bombardeio de 1944



DEPOIS

Pádua continuou na órbita de Veneza, apesar de uma revolta no começo do século XVI. Entre 1592 e 1610, Galileu lecionou matemática, astronomia e mecânica na universidade, antes de voltar à Toscana para prosseguir as descobertas astronômicas proporcionadas pelo aperfeiçoamento do telescópio. 

Foi do observatório da universidade de Pádua que Goethe viu “para o norte, as montanhas tirolesas, cobertas de neve e semi-envoltas em nuvens, às quais, a noroeste, vem juntar-se as de Vicenza; e, para o oeste, as montanhas de Este, mais próximas, cujas conformações e depressões se podem ver com nitidez. A sudeste, um mar verde de plantas, sem nenhuma elevação no terreno, árvores, arbustos e plantações lado a lado, inúmeras casas brancas, vilas e igrejas contemplando-nos em meio ao verdor. No horizonte, divisei com nitidez a torre de São Marcos em Veneza e outras torres menores.” (Viagem à Itália, 26 de setembro de 1786, Companhia das Letras) 

A velha Pádua mudava. 

O palácio dos Scrovegni foi demolido em 1824. Pouco tempo depois, erguia-se perto do Palazzo Bò, que abriga a universidade, o café Pedrocchi, construído no excêntrico estilo neoclássico-egípcio de 1830. Foi lá que os estudantes de 1848 enfrentaram os tiros disparados pelas tropas austríacas. 


Um a um os canais foram aterrados. As velhas ruas medievais percorridas por santos e pintores foram endireitadas a golpes de picareta. O bombardeio aliado em 1944 pulverizou os afrescos de Mantegna na capela Ovetari.  

A Capela dos Scrovegni, que escapou por um triz das bombas da Segunda Guerra Mundial, sofreu com o terremoto que abalou o Friuli em 1976. 


NÓS

Da primeira vez, achei Pádua a cidade mais sem graça da Itália. O sábado tinha a luz doce e macia que tanto me comove no céu do Vêneto, mas o terminal de trams na frente da estação ferroviária me afastava de qualquer desejo de flânerie. Se dependesse de mim, nós visitaríamos a Capela dos Scrovegni e, em seguida, passaríamos um dia agradável passeando por Verona. Acredito que meus filhos eram indiferentes à decisão que tomaríamos, mas Ludmila fazia questão de percorrer a cidade.  

Era preciso esperar a abertura do Museu Eremitani, onde pegaríamos os ingressos da visita que tínhamos agendado há várias semanas. Aguardamos na praça que outrora foi a arena romana, caminhando junto do busto de Arrigo Boito, libretista de Verdi, um dos mais ilustres paduanos do século XIX. 

A Capela dos Scrovegni na antiga arena romana de Pádua (2012): foto de Ludmila Ciuffi


Depois das delicadas obras de restauração, tornou-se obrigatório para os visitantes ficar alguns minutos numa sala de climatização, assistindo a um vídeo didático sobre a capela. A visita, que dura apenas 15 minutos, é rigorosamente controlada. As fotos e filmagens são proibidas. Quando chegou nossa vez, tivemos sorte: éramos apenas nós quatro e um casal alemão. Com a comovida descrença que sempre acompanha momentos que foram sonhados tantas vezes, contemplamos  silenciosos as paredes repletas de formas, cores e luz. 


Do livro Giotto: Gli affreschi della Cappella degli Scrovegni a Padova, Skira

O que mais fazer em Pádua num sábado de manhã, depois de ver Giotto? 

Ainda incrédulos e um tanto cambaleantes, vagamos por uma hora e meia pelo Museu Eremitani, que recebera obras de Rembrandt vindas do Hermitage (2012 era o ano da Federação Russa na Itália).

Seguimos pela via Dante (o antigo cardum romano), olhamos a feira da Piazza delle Erbe em frente ao Palazzo della Ragione. Almoçamos ali perto uma pasta à carbonara da qual Ludmila não se esqueceu. O vinho estava medíocre e as taças suspeitamente embaçadas tiveram que ser trocadas, mas a tarde estava belíssima. Passamos pelo café Pedrocchi e pela Universidade a caminho da Basílica do Santo. Às vezes seguíamos pelo meio das ruas pouco movimentadas, às vezes pelos pórticos intermináveis da cidade velha.

Café Pedrocchi em 2012: foto de Ludmila Ciuffi

lateral da Basílica de Santo Antonio em 2012: foto de Ludmila Ciuffi


Na basílica cheia de fiéis, fizemos fila junto às relíquias e ao túmulo do santo. Já um tanto agastado com Pádua, declarei a visita encerrada e corremos para pegar o trem de volta a Verona.

Ludmila, que tantas vezes teve o condão de mudar minhas opiniões, conseguiu lentamente que Pádua me cativasse. 

No ano seguinte voltamos, dessa vez sem os filhos. Bia se perdia nas ruas de Vancouver; sozinho em casa, Ivan percorreu uma maratona de filmes, cartoons e games. De volta a Pádua, decidimos não entrar na capela dos Scrovegni. Percorremos lentamente a cidade, começando pelo mosteiro dos franciscanos junto à basílica do Santo; admiramos depois o saguão imenso do Palazzo della Ragione.

Almoçamos na mesma trattoria do ano anterior. Desta vez a dona se desvelou em muitas solicitudes, certamente por efeito da crise econômica. Fomos caminhar pela via São Francisco, o antigo decumanus da Patavium romana. Foi lá que passamos, negligentes e um tanto cansados, pela tumba de Antenor.

Meu ancestral que veio de Troia.


Do livro Giotto: Gli affreschi della Cappella degli Scrovegni a Padova, Skira