Descante del mio Cid
Durante muitos anos a Espanha me vinha aos pedaços, trazida pelo
ar. Soava feito Granados, Rodrigo, De Falla ou um cante jondo dos gitanos de Cádiz. Num farrapo de sono, sonhei com Carlos V triunfante em Muhlberg. No
Teatro Municipal, vi um balé de Antonio Gades. No apartamento, li com tristeza
a derrota do Quijote diante do Cavaleiro da Branca Lua. No pátio do colégio, recitei
um verso de Lorca. À noite, no Jornal Nacional, noticiaram a morte de Franco.
Eu era menino e ainda não conhecia as majas nem El Dos
de Mayo, mas, no aleph da memória, os fragmentos brilham sem se confundirem.
Então, já maduros, pisamos Ludmila e eu em terras de
Espanha. Indo dos olivais de Andaluzia às neves dos Pirineus, pensávamos inverter o curso da Reconquista, porém, em verdade, apenas seguíamos o sulco profundo aberto pelo arado de Antonio Machado, de cujas Soledades roubei
a epígrafe desta viagem:
En medio de la plaza y sobre tosca
piedra,
el agua brota y brota. En el cercano
huerto
eleva, tras el muro ceñido por la
hiedra,
alto ciprés la mancha de su ramaje
yerto.
La tarde está cayendo frente a los
caserones
de la ancha plaza, em sueños. Relucen
las vidreiras
con ecos mortecinos de sol. En los
balcones
hay formas que parecen confusas
calaveras.
La calma es infinita en la desierta
plaza,
donde pasea el alma su traza de alma
en pena.
El agua brota y brota en la marmórea
taza,
En todo el aire en sombra no más que
el agua suena.
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Boa viagem, Valdir! Que ela seja uma renovação para o ano que vem por aí. Um abraço de saudades.
ResponderExcluir"Carry me Caravan take me away
ResponderExcluirTake me to Portugal, take me to Spain
Andalusia with fields full of grain
I have to see you again and again
Take me, Spanish Caravan
Yes, I know you can "